Carta ao Egoísmo
Sinto-me distante, e não me refiro a este espaço em particular, mas ao reconhecer-me ostracizado da humanidade em geral, fruto não de um desinteresse fugaz, mas de algo mais profundo e hermético; é resultado do egoísmo de estar centrado em mim, nos meus problemas, nos meus anseios, nos meus temores. Este egocentrismo não é introspetivo nem endémico nem fruto das circunstâncias que nos assolam nestas últimas semanas, mas algo muito anterior, profundamente extrospetivo e assustadoramente extenso. Enquanto penso nesta retórica, toca o telefone e, vocifero para o meu íntimo: mais uma chamada ao trabalho. Errei; era alguém importante, com a importância daqueles indivíduos que na nossa vida são símbolos da força e do otimismo; mas desta vez ouço um homem enfraquecido, onde perpassa o desanimo e o temor; à distância do telefone, vi o medo no seu rosto. Falhei no propósito tão almejado de lhe transmitir confiança, como antes tantas vezes me tinha sido oferecida; fosse por necessidade ou por c